sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Um adendo e uma retratação, ou O professor que passa um pito no aluno




Depois de muito discutir meu artigo de ontem e de ler os comentários do professor, percebi que expressei apenas uma parte das minhas impressões. Buscando (e espero ser bem sucedido) por em prática a lição do Prof. Olavo quanto à análise de um debate público, vou tentar expor os pontos considero serem os elementos substantivos da presente questão: 

Sim, a fala do Papa pode ser usada para os fins da Via Campesina da forma como o MST de fato a utilizou. Sim, o didatismo do Papa pode sim ser criticado frente a isso, quanto aos resultados práticos do que fez. Mas é uma questão pastoral, não uma questão doutrinária e sem dúvida não vai entrar no campo do decreto do Papa Pio XII. Por quê? 

O Decreto de Pio XII, quando afirma ser proibido "ajuda-los (os comunistas) de alguma maneira", sem dúvida não se referia àqueles elementos da Sã Doutrina cuja expressão possa ser apropriada pela esquerda na forma de "Novilíngua". Por uma questão de senso comum. E eu diria que é parte integrante da Guerra Cultural que as expressões típicas da "esquerda católica" sejam restauradas ao uso do Catolicismo verdadeiro, ainda que à custo de mal-estares iniciais, coisa que pode e deve ser esclarecida por nós, fiéis (e particularmente eu e minha cara Graça Salgueiro passamos o dia de ontem nesse esforço).

Como expus no meu artigo de ontem, só não entende a exortação (e a repreensão) implícita na fala do Papa quem desconhecesse a natureza das duas coisas comparadas. Mas ora, se a ignorância gera uma má interpretação doutrinária, então o erro doutrinal está no receptor e não no emissor. E isso vale tanto para os católicos progressistas quanto àqueles conservadores.

Agora, se vamos discutir uma questão de estratégia pastoral, também acho de pouquíssima utilidade falar do Papa (e agora não estou mais me dirigindo ao professor Olavo, especificamente) como se ele estivesse sujeito a sufrágio daqui à quatro anos. O Papa é o que é. O Papa. E vai continuar a fazer o que sempre fez. Paciência! Se a estratégia pastoral do Sucessor de Pedro não está em acordo com a nossa pessoal estratégia pastoral, advinha quem é que vai ter que se adaptar? Eu reconheço que não é nem um pouco prazeroso vir à público e esclarecer pela enésima vez que o Papa está fazendo suas críticas com base na Doutrina Social da Igreja e não na Teologia da Libertação ou congênere, mas é algo que deve ser feito. A Teologia da Libertação e a esquerda "católica" já reivindicaram a atenção dos pobres por tempo demais.

Enfim, espero ter esclarecido pelo menos alguma coisa desse embrólio. E ter contribuído um pouco para trazer o debate à sua questão substantiva.



Por último uma retratação: usei mesmo, e de maneira leviana, o termo "histérico" e o Professor Olavo, que sempre teve como posição advogar pelo uso metódico da terminologia psiquiátrica, está montado na razão em me repreender. Eu editaria o texto mas isso seria desonesto, então deixarei uma nota por lá, explicando meu equívoco. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário